O PARANÁ ESTÁ PRESTES a se tornar uma verdadeira usina produtora de talentos para o voleibol brasileiro. Sob a coordenação de Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, técnico medalha de bronze da equipe feminina nas Olimpíadas de Atlanta, foi implantado em Curitiba e mais quatro cidades do Estado (Pato Branco, Maringá, Londrina e Cascavel) o Centro Rexona de Excelência do Voleibol. Iniciativa da Secretaria de Esportes e Turismo, juntamente com a marca Rexona, da Gessy Lever, o projeto foi elaborado por Bernardinho com o objetivo de formar a mais completa geração de atletas para os Jogos Olímpicos de 2000 e 2004.
A principal clientela a ser atendida pelo Centro Rexona são os alunos das redes públicas estadual e municipal de ensino
Segundo Bernardinho, o Paraná foi o estado que melhores condições
ofereceu para a implantação do projeto. "Depois de anos trabalhando
como técnico, eu queria participar de algo mais abrangente, que
não tivesse apenas um cunho esportivo, mas social também",
disse o técnico. De fato, a principal clientela a ser atendida pelo
Centro Rexona são os alunos das redes públicas estadual e
municipal, que passarão a ter condições de se dedicar
à prática do seu esporte sob a supervisão técnica
Luiz Fernando Nascimento, adjunto-técnico da delegação
olímpica brasileira de vôlei em Atlanta e no Grand Prix adulto
feminino. Também fazem parte da equipe de Bernardinho outros dois
integrantes da seleção medalha de bonze, Ricardo Gomes Tabach
e Hélio Ricardo Griner. Estudantes do curso de Educação
Física da Universidade Federal do Paraná auxiliarão
a equipe técnica.
CRITÉRIOS
Não foi uma tarefa fácil selecionar os novos alunos do centro. Foram cerca de 2400 inscritos disputando em torno de 600 vagas. Segundo Bernardinho, um dos aspectos que foram observados na triagem foi o biotipo do candidato. Embora este não seja um critério dos mais rígidos, crianças e adolescentes altos, magros e longelíneos costumam apresentar maior potencial para se tornarem jogadores. O técnico, no entanto, alerta que as características físicas não são suficientes para fazer um bom atleta. "É preciso ter aptidão, força de vontade, capacidade de concentração num curto espaço de tempo e ser adaptável", listou o técnico. Para ele, o voleibol é hoje o segundo esporte mais popular no país depois do futebol e tende a ganhar mais e mais espaço com iniciativas como a do Centro Rexona. "Tudo isso começou em 1982, quando aconteceu o primeiro boom do esporte no país". Bernardinho integrava a seleção brasileira nesta época.
MINIVÔLEI
Para as crianças menores de 11 anos, o Centro Rexona está trazendo ao Paraná uma novidade: o "minivôlei". Pelas dimensões da quadra (metade na largura e 1/3 no comprimento), condições de bola (menor e mais leve) e altura da rede (entre 2 m e 2, 15 m), a prática do esporte torna-se muito mais facilitada. Outra diferença é o número de jogadores em cada time. Ao invés dos seis que participam de um time normal, o vôlei para menores coloca dois a três atletas de cada lado da rede. Segundo Bernardinho, isto dá a oportunidade ao jogador de se familirizar com o esporte e ter mais tempo com a bola. Hoje existem pólos de difusão do minivôlei na Europa e no Japão, onde o esporte é praticado de forma estruturada com a realização de campeonatos e festivais que chegam a somar mais de mil participantes em um dia único de evento. O garoto Gilberto Milléo, 10 anos, foi um dos escolhidos as turmas de minivôlei. Ele contou ao FUN que começou a se interessar pelo esporte nas aulas de educacão física no Instituto de Educação, onde estuda. "Gostei tanto que agora tenho bola e rede em casa. Jogo sempre com a minha prima quando ela vem me visitar", contou.
Palavra de campeã
A jogadora de vôlei de praia Jacqueline Silva, medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Atlanta, disse ao FUN que a prática do esporte no país mudou muito desde que ela começou a jogar, há 21 anos. Jackie contou que na época, quando o futebol reinava absoluto entre os esportes brasileiros, não havia qualquer estrutura e quem se dedicava ao vôlei o fazia apenas por amor."Hoje, muita gente já começa pensando em se tornar profissional, em ganhar dinheiro", afirmou. Depois de uma carreira vitoriosa nas quadras, a levantadora foi buscar nos Estados Unidos, no início da década de 90, a técnica que precisava para se tornar uma campeã olímpica de vôlei de praia. O que aprendeu nas areias da Califórnia a levou a superar até mesmo a hegemonia americana no esporte, imbatível até o furacão Jacqueline. Ambição pura e simples, contudo, não é ingrediente único na receita vitoriosa da jogadora, que, ao lado da parceira Sandra, foi a primeira mulher brasileira a ganhar medalha de ouro numa olimpíada. O conselho de Jacqueline para quem começa a praticar voleibol é nunca perder o espírito desportivo, a paixão pelo que está fazendo. Também recomenda aos que sonham com o vôlei de praia a começar pela quadra. "É como se aprende a técnica e, principalmente, a pensar como equipe, algo indispensável numa dupla", disse a medalha de ouro em Atlanta. P.C.